06/01/2009

Teatro Nacional de São Carlos

"Quando a ópera Faust, de Gounod, estreou no Théâtre Lyrique, em Paris, o público e alguma crítica receberam-na com uma certa reserva. Mas este drama musical, inicialmente catalogado como opéra-comique devido à inclusão de secções faladas, mais tarde convertidas em recitativo pelo próprio compositor, viria a ser uma obra fundamental para a renovação do género operático em França. Compositores franceses como Berlioz e o jovem Bizet manifestaram a sua cumplicidade com a estética de Gounod abraçando uma ópera mais virada, ao nível da escolha dos textos, dos cenários e da própria composição musical, para a humanidade e individualidade das personagens. Uma tendência própria do Romantismo e um desvio às majestosas produções, centradas nos grandes eventos políticos e colectivos, dos compositores da geração anterior.As primeiras edições literárias da lenda de Fausto surgem na Alemanha, no século XVI. Será, no entanto, a versão de Goethe, um género híbrido entre a poesia e o teatro, que marcará a geração romântica europeia e que servirá de referência base para o libreto da ópera de Gounod.O trabalho de composição de Gounod começou em 1856 e foi prontamente estimulado pelo director do Théâtre Lyrique, instituição da maior importância para o desenvolvimento da cultura musical francesa no terceiro quartel do século XIX. O projecto terá, no entanto, sido suspenso durante o ano de 1857, depois de esboçados os três primeiros actos. Em 1858 seriam retomados os trabalhos e Faust estrearia no ano seguinte, após diversos cortes e alterações. Depois de introduzidos os recitativos, a ópera seria levada a vários palcos europeus, construindo um progressivo sucesso que a traria de volta a Paris, com récita na inauguração da nova sala de concertos do Théâtre Lyrique, em 1862."

Texto Tiago Cutileiro, Marta Nunes

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