23/12/2008

"Fazer arte com base no conhecimento científico"

Na galeria/no atelier com Leonel Moura (terça feira, ‎16 de ‎Dezembro‎ de ‎2008)


Nos anos 80 Leonel Moura obteve algum sucesso e circulou internacionalmente. Expôs trabalhos fotográficos por exemplo em Los Angeles.

Nos anos 90 decidiu parar para reflectir, pois achava que o seu trabalho começava a ser demasiado repetitivo.

Começou a dedicar-se mais à ciência do que à arte, até porque para Leonel Moura ,“A ciência é muito mais excitante do que a arte, ou seja o discurso da ciência e muito mais excitante do que o da arte (…) “, “ O discurso da arte é uma chatice (…) sempre a mesma coisa, (…) não tem interesse nenhum, é só adjectivos e palavras.” Dessa forma Leonel encontra o impulso para os seus trabalhos na ciência.

Por outro lado, o discurso da arquitectura também o apela mais do que o da arte. “ A arte banalizou-se (…)”. Enquanto que a arquitectura é sujeita a um julgamento muito grande por parte do público e portanto tem que ser muito bem pensada para o “grande público” , a arte é difundida apenas para um grupo de pessoas restrito, que é o meio artístico. Também a nível do pensamento, a arquitectura é mais desenvolvida, mais complexa. Há um aspecto que para Leonel Moura é importante mencionar, é o facto de que a arquitectura resulta de um trabalho em grupo, logo torna -se mais produtivo. A arte contraria este aspecto e tende a isolar-se.

Voltando a ciência, o aspecto que lhe interessa mais não é a atitude muito comum no campo das tecnologias e não pretende ilustrar a ciência. Não lhe interessa a tecnologia apesar de a ver como muito interessante, nem a ilustração da ciência;mas sim, interessa-lhe compreender o fundamento, os conhecimentos científicos e pegar nesse conhecimento e “descriá-lo” para uma utilização na arte. Ou seja, “Fazer arte com base no conhecimento científico (…)”.

A atitude que mais interessa a Leonel é “Pegar em conhecimento e fazer-mos arte com isso.”

Começou a produzir com o computador mas dava a entender uma forma de arte digital e ao imprimir ficava insatisfeito com os resultados. “Saiu do computador” e passou para a robótica e começou a utilizar robots. Interessante de notar, que os robots que produz
têm reconhecimento não só como trabalho artístico mas também no domínio científico, acaba também por dar um contributo para a ciência no campo da inteligência artificial, no entanto não é esse o objectivo enquanto artista. “Enquanto artista, posso fazer o que me apetece, dizer o que me apetece, enquanto cientista não o faria.” O cientista tem determinados princípios, regras a que tem que obedecer e trabalham com um princípio de objectividade. “Eu trabalho com o princípio de subjectividade”, Leonel Moura.

“ O maior problema da arte e a mania das emoções, e acho que a maioria da arte se perde a pretender ser uma forma de expressão de emoções (…), a arte tem que ter estratégias de sedução, porque quando fazemos uma obra queremos atrair o espectador (…)”Eu excito-me com ideias, com uma boa ideia fico excitado, motivado, emocionado (…)”. Na nossa sociedade a carga emocional acaba por ser esvanecer, pois quando nos confrontamos com imagens dramáticas todos os dias na televisão, acabamos por contrair um estado de apatia, um estado “não-emocional”.

Em conclusão, para Leonel Moura o emocional não pode ser um objectivo da arte, pode ser mas pode não ser. A inovação e a criatividade podem ser um objectivo não contendo qualquer referência de emoção.




1- fotografias no atelier

2-fotografias na galeria

3- fotografias na galeria

(fotografias realizadas por Ana Patrícia)

1 comentário:

Pedro Xavier disse...

Olá, antes de mais espero que este myspace seja mesmo teu Myspace
Boas festas.